sábado, 16 de março de 2013

AY YO K-POP!! #2 - Fevereiro Meloso


INTRODUÇÃO Listas (de toda e qualquer ordem) seguem critérios específicos da linha editorial de determinado veículo. Dorama-Queen é um blog pessoal, portanto meus critérios são pessoais: gosto de música Pop, mais voltada para o Dance e Electronica; mas tenho profundo amor e admiração por Hip Hop e ritmos como o R&B e o Soul, além de curtir algumas coisas de rock e indie pop. Essas listas refletem meu gosto pessoal e, apesar de tecer pensamentos críticos, alguns critérios são estritamente pessoais.
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Baladas românticas são levadas a sério na Coréia, ao ponto de serem todo um gênero aparte na indústria musical, havendo artistas e grupos que se dedicam apenas a este estilo de composição (Baek Ji Young, 2AM).

Fevereiro foi um mês dominado por lançamentos de baladas; fossem OSTs de doramas ou LPs, talvez por ser o mês do Valentine's, diversos cantores de balada fizeram seus comebacks em fevereiro e outros rookies lançaram seus debuts.

Para quem está na vida por um bom e velho Pop - e no K-Pop para idols idols idols - foi um mês "fraco": o lançamento mais high profile foi o comeback coreano de SHINee; além de repackages. Contudo, foi um mês frutífero no lado indie da força (Clazziquai Project!!!!) e, claro, no K-Hip Hop.

Menções Honrosas (MH)

EXPLICAÇÃO As menções honrosas (ou desonrosas) são seguem critérios estritamente pessoais que, não necessariamente fazem sentido imparcial à qualidade do material ou status do artista. Por exemplo, mês passado citei "Break Down" de Super Junior-M como menção desonrosa, apesar da popularidade do grupo. Menções honrosas podem, também, ser canções de meses anteriores quer ainda figuram constantemente em minhas playlists.

- Reminiscências

  • Harvest Moon, EP debutante da sub-unit 2Yoon ficou em 5º lugar da lista anterior e, durante todo fevereiro, ele continuou como uma audição constante. A melhor canção dele, para mim, continua sendo SeSeSe: a deliciosa colaboração da dupla com o rapper Kikaflo é uma daquelas pérolas pop que só quem é fã do gênero sabe porque - o piano discreto, mas marcante, e o violão melódico e doce perpassam pelos raps melancólicos de Kikaflo (que descrevem o deterioramento da relação), como se fossem constantes sopros de esperança que culminam nos versos e refrões das garotas, que em tom e letra reclamam a permanência do amor. "SeSeSe" é uma das composições pop mais bonitas que há e, infelizmente, ela permanecerá perdida na Coréia do Sul por toda a eternidade.
  • Outra menção essencial é Dolls de Nine Muses. Me chamem de fanboy do esforçado grupo, mas durante todo o mês de fevereiro continuei escutando nonstop seu último single-album, assim como toda a maravilhosa discografia das nove musas. É claro que Nine Muses não é o melhor grupo da cena K-Pop, mas assim como as colaborações delas com o duo de produtores Sweetune só evolui, elas também melhoram cada vez mais como performers. E no último mês a BBC finalmente lançou seu doc "IDOL", sobre K-Pop. Basicamente um doc para iniciantes no gênero, é interessante como eles mostram (jornalisticamente) os percalços na formação de um grupo idol coreano, e o personagem é Nine Muses (pré-debut). [Infelizmente, ele foi tirado do Youtube]
  • "6PM...GROUND" de So Ji-Sub é fruto do projeto Mnet’s ‘Collabo One’, em que celebridades - não necessariamente relacionadas à música - trabalham com produtores para criarem um álbum. So Ji-Sub é modelo e ator e, para este projeto, ele criou um belo álbum conceitual nos melhores moldes de K-Hip Hop, raps melódicos e autossuficientes casados com belos refrões e instrumentalizações reais. "6PM...GROUND" conta altos e baixos de um relacionamento e o conceito do álbum se completa nos vídeos de cada faixa.
"Picnic" de So Ji-Sub

- Menções Desonrosas

  • "Love And Remember" de Purplay
A pior coisa para um grupo rookie é se ver envolvido em escândalos antes mesmo de sua estréia. [Ou melhor, a depender da natureza do bafão.]

Sob a agência Purplei Ent., o grupo rookie Purplay se envolveu no talvez pior tipo de controvérsia no mundo do K-Pop: plágio. Assim que lançaram o teaser de seu single debut Love and Remember, o coreógrafo do grupo de dança I.aM.mE apontou o plágio na coreografia de Purplay. Confiram:

Purplay

I.aM.mE [ver 0'20 e depois 8'40]

Antes da controvérsia estourar, segundo a agência, as garotas tiveram participação ativa na produção da canção e da coreografia; consequentemente, o peso da acusação recai sobre elas. Contudo, pensando o K-Pop criticamente, é sabido que as agências costumam ter total controle sobre a produção dos grupos e, não raro, tais declarações de participação na composição de conceitos, canções, coreografias não passam de instâncias publicitárias. Ainda assim, se este não fosse o caso, que tipo de agência de talentos não estaria ciente deste tipo falha na produção?

Felizmente para Purplay, sua agência foi rápida, resolvendo a questão em pouco tempo e, naturalmente, a antecipação pelo debut das garotas aumentou. Infelizmente para elas, "Love and Remember" é uma péssima canção que tenta uma roupagem Hip Hop - por ser rap-cêntrica - mas não consegue nem ser um bom híbrido do gênero com o Dance, uma moda global. Contudo, controvérsias aparte, a coreografia é fantástica e as garotas são muito boas nisso.

*BIAS*
TaeWoon: líder e main rapper
do SPEED
  • "Pain The Love of Heart" de SPEED
Antes de qualquer coisa é preciso dizer que gosto muito desta canção e que SPEED é o um dos rookies masculinos que mais crescem em meu gosto. Mas minha bronca vai para o produtor Brave Brothers.

Não é novidade que cada compositor e produtor Pop tem seu som característico - seja na Coréia ou no ocidente; o problema reside em todos os atos Pop (no caso do K-Pop, agências) quererem trabalhar constantemente com os mesmos produtores. O resultado é uma miríade de músicas soando exatamente a mesma coisa porque, convenhamos, nenhum produtor vai se ocupar em criar um novo som para cada artista com quem trabalha - a não ser que ele seja muito bem pago para isso.

O que quero dizer com todo esse lenga-lenga é que, depois de dois singles de proporções épicas ("That's My Fault" e "It's Over"), Pain The Love of Heart é linda, mas é IGUAL a This Person de Dazzling Red, que é igual a To You de Teen Top, que é igual a Alone de SiSTAR - e o que todas elas têm em comum? Brave Brothers.

Apesar disso tudo, o refrão é tipicamente viciante (duvido que depois de duas audições você tire "Chan baram baram baram baram baram" da cabeça - e, claro, até o fim desta edição eu já estou AMANDO a música), e SPEED sempre terá meu amor porque toda vez que TaeWoon abre a boca, meus ovários imaginários entram em explosão nuclear.

Pain The Love Of Heart

  • "Y" de Kim JaeJoong
Kim JaeJoong, que mês passado figurou na 15ª posição do ranking de janeiro, lançou Y, repackage de seu debut solo I. JaeJoong é um dos artistas mais consistentes do K-Pop, mas este relançamento perdeu o frescor em estilo de "Mine" (que flertava com o J-Rock): as faixas novas soam como versões coreanas do genérico Urban Dance de nomes como Chris Brown. A faixa-título Only Love é meio broxante, soando como uma faixa rejeitada do álbum de seu colega de grupo Junsu, além de a mixagem não favorecer em nada os ótimos vocais de JaeJoong.

  • "No.1" de Teen Top

Teen Top é uma das minhas boy bands favoritas, mas de novo Brave Brothers decepcionando, pelo mesmo motivo de "Pain" do SPEED. Miss Right, faixa-título de No. 1 (primeiro LP de Teen Top), é mais uma versão de "This Person" e, pelo andar atual da carruagem de Brothers, tudo isso já soa enjoado para quem acompanha os lançamentos K-Pop; não é uma faixa terrível, mas para um lançamento importante como LP, a produção é preguiçosa.

O álbum, também produzido por Brave Brothers, recebe 2,5 de 5 por algumas faixas interessantes como Stop Girl e Mr.Bang e por, no geral, apresentar uma consistência em estilo: mas é mais do mesmo e, sim, estamos todos esperando inovações de nossos idol groups.

- Indie Front

No lado Indie da força, ou seja, na contramão do Pop de idols que aprendemos a amar e babar com o K-Pop, algumas jóias vieram à luz de fevereiro. Abaixo algumas dicas para baixar:
  • "동화일기" de Lee Soo Ryun - solo do guitarrista de uma das bandas indies mais queridas da Coréia, The Koxx, este trabalho de Lee Soo Ryun merece ser tentado por quem curte música pela música. A primeira faixa, instrumental, Forest já vale por todo o EP, que não deixa a desejar.
  • "Due To a Different Time" de Standing Egg - daqueles indies que você baixa porque acha o nome engraçadinho e a capa bonita. O som não tem nada de surpreendente, mas é gostoso.

- Bonus tracks: "Rhythm is Life" de Gaeko; "It's Been So Long" de Ra.D; "You Got Some Nerve de Absurd (LE, Feeldog and Junhyung)

Top 10


10. Dentist Paradise: "Ring Ma Bell" de Two X


Ring Ma Bell é a típica faixa K-Pop entupida de sacarina super genérica, com o poder nutritivo de um algodão doce: vai te dar cáries e até dor de barriga, mas você não vai resistir e querer mais de uma vez.

Debutadas ano passado sob a JTune Camp (MBLAQ), Two X fez seu comeback no dia 12 depois de quase duas semanas sem nenhuma novidade interessante no mainstream do Pop coreano. Uma bomba calórica que mistura elementos de diversos flops do K-Pop (pense em Dal★Shabet, com Girl's Day e a estética de cores pastéis de Rainbow), o vídeo de "Ring Ma Bell" é um genuíno guilty pleasure com belas imagens computadorizadas, mas que em vários momentos nos dá muita vergonha alheia de nós mesmo por estarmos gostando daquilo.

Por outro lado, o single-album homônimo é bem genérico mas não é de todo mal. Only You tem um quê do pop chiclete dos anos 1990 e Hip Up é apenas uma beleza de se ouvir.

Ring Ma Bell


9. Duo Heaven: "Good Bye" de Dasoni e "Cause of U" de Jevice

Em qualquer lugar do mundo é assim: alguns lançam tendências, outros as seguem. Enquanto no ocidente isso se traduz em produtos (modas musicais, como o dubstep dos últimos dois ou três anos, ou a música black/urban misturada ao Dance à lá Chris Brown e Ne-Yo e Taio Cruz... e Justin Bieber), no K-Pop a coisa se evidencia no talento explorado e manufaturado.

Em 2013, até então, a tendência parece ser o lançamento e comebacks de sub-units: SiSTAR19 dominou os charts por [quase] todo o mês de fevereiro, INFINITE-H e 2Yoon fizeram uma bem sucedida rodada de promoções.

O ponto em comum entre todos eles: duplas. E, talvez (este sou eu apenas dizendo), esta seja uma tendência dentro da tendência.

A primeira dupla é Dasoni, sub-grupo de EXID, rookie estrelar produzido pelo mestre do K-Pop Shinsadong Tiger. Centrada nas duas principais vocalistas do grupo Solji e Hani, Dasoni estreou mês passado com o single Good Bye. A balada de mid-tempo tem ótimo efeito em mostrar o potencial vocal das garotas; Solji, que como líder do EXID sempre teve a oportunidade de demonstrar sua potência, não decepciona, mas é Hani quem surpreende com carisma e eficiência na entrega de sua interpretação. Common Words, balada de piano b-side do single, faz um trabalho ainda melhor neste âmbito.

Infelizmente, "Good Bye" não soa muito diferente do que já foi lançado com EXID e a sub-unit, apesar de talentosa, não mostra muita razão de ser. Ao mesmo tempo, isso pode ser de grande valia para o grupo mãe, o que só poderá ser avaliado no próximo comeback pois, apesar de memoráveis performances vocais, Dasoni não conseguiu subir muito nos charts.

Good Bye

Jevice, outro duo divino a dar o ar da graça em fevereiro, não é necessariamente uma sub-unit, mas segue a tendência de maravilhosas garotas com vocais impressionante - presidida pelas primeiras-damas das baladas coreana Davichi.

Sob a DreamT Entertainment (Girl's Day), Jevice é formado por Juri e Hana (ex-integrante de T-Ara - saiu após o debut do grupo) e talento não é o que falta para elas que, além de cordas vocais poderosas, participam ativamente da produção de suas músicas. Um cruzamento de balada com Dance, Cause of U é uma bela faixa, mas soa exatamente como 8282, hit de ninguém menos que Davichi.

E aí está o "porém" das duas duplas da nona posição: vieram com faixas excelentes, mas que fazem pouco em diferenciá-las do que já há a rodo no K-Pop.

Cause Of U


8. DIVA: "It's You" de Kang Min Hee

Brand New Music é casa de alguns dos atos mais talentosos da cena R&B/Hip Hop da Coréia do Sul, como Verbal Jint (que figurou na 6ª posição com "Good Start"), Phantom e o maravilhoso grupo vocal de R&B, Miss $ - um dos mais difíceis de encontrar material na internet!

Kang Min Hee é uma das excelentes vocalistas da atual formação de Miss $ e, em janeiro, ela proveu poder emocional a "Good Start", do Jint; mês passado ela retornou com um single próprio, It's You, que é uma jóia essencial para quem é viciado em divas de vocais poderosos. A faixa é uma balada R&B simples, com performance dramaticamente bem dosada de Min Hee.

It's You

7. Comic Sexiness: "Meet Me" de Hyundong & Daejun

A maior surpresa de fevereiro.

Lançado no começo do mês, baixei este single apenas pela tentativa de aumentar meu repertório de Hip Hop/Rap coreano. A princípio, a faixa me chamou atenção pela deliciosa produção que lembra algumas das faixas mais sexuais de Ludacris; eis que um dia eu decido procurar o clipe e dou de cara com isso:

Meet Me

Hyundong & Daejun são dois comediantes que, dentre muitas atividades na TV coreana, apresentam o ótimo programa de entrevistas Weekly Idol - no qual grupos idols são entrevistados e, claro, tirados sarro. Adoro o programa, mas não havia ligado o milagre aos santos e, ao ver a maravilhosa sacada deste MV, me rendi! Apesar da sensualidade sonora que a faixa transmite (principalmente para quem não entende bulhufas de coreano), sua letra é sobre um cara feio e carente, que está louco para dar uma e, por ser tosco, não consegue ninguém para transar com ele. O clipe é genial e um dos melhores 2013 até agora.

6. Indie Stuff: "The 2nd EP" de 10cm

Nem só de idols vive um K-Popper.


Coreanos têm manias estranhas para nomear seus grupos, sejam acrônimos em inglês que não têm sentido frasal algum [B.A.P = Best.Absolute.Perfect], ou a diferença das alturas dos dois membros do grupo [!!!]: 10cm. Na ativa desde 2009, em fevereiro eles lançaram seu segundo EP, entitulado "The 2nd EP" (coreanos também têm mania de nomear seus álbuns apenas pela ordenação do lançamento). 

O som de 10cm é completamente diferente da lógica K-Pop que estava acostumado. Com instrumentações reais (sem sintetizadores) e composições orgânicas, às vezes 10cm - neste EP - soa como Belle & Sebastian (I Feel Sleepy); em outras, a voz de Kwon Jung Yeol parece canalizar Damien Rice (Nothing Without You). Contudo, a música de 10cm nunca é esnobe demais, muito menos enjoada como a melancolia pesada e fácil das notas altas de Rice.

5. Hot Gangsta: "One Shot" de B.A.P

B.A.P é, talvez, o rookie mais ativo do momento. Formados em 2012 pela TS Entertainment (Secret), sua pegada Hip Hop se fez constante por todo o ano passado, numa profusão de lançamentos, apresentações em programas musicais e de variedade na TV, contratos publicitários, boas performances em vendas e, consequentemente, a formação de uma base de fãs irredutivelmente fiéis - como não poderia deixar de ser no K-Pop.

Mês passado eles lançaram o segundo mini-álbum (EP em k-popês) com o melhor lead-single da carreira meteórica do grupo: One Shot. As faixas-título de B.A.P costumam ser eloquentes e dramáticas, cheias de testosterona e, às vezes adrenalina (No Mercy); "One Shot" segue a mesma fórmula de Warrior e Power - dois primeiros singles do grupo -, só que mais refinado, mesclando os elementos de Hip Hop e rock com mais harmonia, em arranjos mais fluentes.

No Mercy

Apesar da competência com que B.A.P performava seus singles anteriores, esta é a primeira vez que a imagem bad boy manufaturada (usual da maior parte dos atos masculinos do K-Pop recente) é melhor produzida. Talvez, depois da fofura aegyo forçada de Stop It, B.A.P finalmente se sente aliviado em voltar ao seu estado normal. Ou talvez, isso seja eu.

Conheço quase nada de B.A.P enquanto grupo (membros, nomes e caras, funções), mas musicalmente este é o melhor EP deles, com uma produção coesa (Kang Ji Won e Kim Ki Bum - contratados da TS Entertainment) e centrada em instrumentação real: como grandiosos arranjos de metais (PUNCH) que elevam o status musical grupo, mantendo ainda os refrões grudentos e conceituais de B.A.P, sempre os caracterizando como uma gangue.

A faixa-título começa com um dramático arranjo de cordas, que acompanha toda a canção, e dá espaço a um riff de guitarra sensacional; como se não bastasse, um coro sombrio entra nos refrões - a esse ponto a faixa já tem todo o jeito do filme épico que é o MV. No melhor estilo K-Pop, o clipe é um curta metragem de guerra e resgate entre gangues; mesmo que para alguns a produção cinematográfica do MV seja prepotente (foram investidos cerca de 1 bilhão de wons - aproximadamente U$ 910 mil), para fãs de K-Pop é um trabalho maravilhoso que tira k-idols de suas caixas de estúdio.

One Shot

Em Rain Sound (lançada em janeiro como buzz-single), os garotos revisitam territórios mais melódicos e sentimentais, experimentados em b-sides como Secret Love (do primeiro single-álbum "Warrior"). Mantendo-se neste ritmo de lançamentos produzidos com tal maestria, B.A.P facilmente se elevarão no cenário musical coreano, além da lógica de ídolos - eles certamente já são muito melhores do que muitos atos estabilizados e comercialmente maiores.

4. Good Boys: "HELLO" - NU'EST

Em 2012, a Pledis Entertainment (After School, Son DamBi) pareceu centrar seus esforços e atenções para sua primeira boy band NU'EST. Se há algo em que a Pledis se empenha é na criação de conceitos interessantes para os lançamentos de seus artistas; para NU'EST a ideia era um grupo que estabelecesse um novo estilo e conceito de K-Pop - daí o nome do grupo, acrônimo para "New (NU) Established Style and Tempo (EST).

Ao longo do ano passado, NU'EST lançou singles que musicalmente tentavam ser uma novidade, mas eram na verdade misturas estranhas de Pop, Dance e, às vezes, Dubstep (Action). A cada lançamento, porém, NU'EST sempre apresentava concepts interessantes, como a coreografia anti-bullying do seu single de estreia (Face).

Face

Quando, ao fim de janeiro, Pledis começou a lançar teasers de Hello, novo single do grupo, eles apresentaram o melhor conceito até então. Em um MV que apresentava uma cinematografia gélida, NU'EST voltava como se tivessem saído de um drama adolescente - mas o prospecto era positivo.

A canção, dos sentimentos ansiosos diante a uma eminente traição, apresentava uma introdução melancólica, com os vocais invernais de Minhyun marcados pelo violão acústico e estalos de dedos; antes do refrão, a canção se transforma em balada mid-tempo em que os doces vocais de Baekho dão a harmonia e a força emocional de toda a canção.

Apesar de os mais cínicos dizerem que é uma Fiction com Lexotan, este é meu lançamento de boy band favorito até agora, por demonstrar uma evolução na confiança dos garotos e certa ousadia da Pledis em lançar uma canção em um momento em que o mainstream tem exigido menos sentimentalismo e mais agressividade de seus garotos. Sem contar que a canção permite que os principais vocalistas brilhem em tons e subtons mais sóbrios, fugindo de notas altas e ensurdecedoras.

O mini segue consistente, mas sem grandes inovações; canções como Introduce Me To Your Noona apresentam um ar jovial e mais light que a faixa-título, mas se parecem bastante com coisas já lançadas por Teen Top ou SHINee. Ainda assim, é um EP satisfatório para quem gosta de bom pop.

Hello

3. Color Queens: "Rainbow Syndrome Part.1" de Rainbow

Colegas de agência de um dos maiores grupos do K-Pop, KARA (DSP Media), Rainbow sempre foi um grupo que, desde que comecei a ouvir K-Pop, eu lia sobre mas não me prontificava a estudar, porque os comentários eram sempre mistos.

Com a eminência do lançamento do primeiro LP do grupo, Rainbow Syndrome (dividido em duas partes - segunda parte a ser lançada deus sabe quando), baixei a discografia do grupo e, bem, me deparo com canções maravilhosas produzidas por ninguém menos que Sweetune, mas que perigosamente soavam como KARA. Ou seja, Rainbow tem uma discografia interessante, mas enquanto grupo não tem o fator X para destacá-las na multidão.

Ainda assim, Rainbow Syndrome Part.1 é maravilhoso! Marca registrada de Sweetune, a faixa de abertura  Golden Touch tem todos os elementos perfeitos de uma canção dos anos 1980: linha de baixo poderosa, guitarras sintetizadas e toques de metais que fazem a canção soar como um remake de alguma música de Prince, ou do começo da carreira de Madonna. É sem dúvidas a melhor faixa do álbum!

Golden Touch

Tell Me Tell Me, o single deste álbum, contém todos os níveis de aegyo requeridos de um girl group. Só que ao invés de te dar dor de barriga (oi Two X!), "Tell Me Tell Me" conquista seu coração com amor; claro que a princípio você sente certa vergonha porque olhe para você, um jegue de 25 anos sorrindo à toa por uma canção feita para uma garota de 13. Aliás, uma garota da época que VOCÊ tinha 13 anos, porque as pré-adolescentes de hoje estão ouvindo isso aqui e chamando de romance.

Tell Me Tell Me

Outro destaque do álbum é Cosmic Girl, um tour de force que leva o grupo a tempos áureos da disco music, ritmo recorrente dos trabalhos de Sweetune para girl groups (façam um favor à existência de vocês e ouçam "Figaro" de Nine Muses). Mais uma vez aqui Rainbow cataliza KARA mas, ao invés de se reciclar à exaustão (*cof* Brave Brothers! *cof*), Sweetune sempre apresenta elementos interessantes para suas diferentes garotas.

Ao longo do mês, tentei definir o que me atraia em Rainbow Syndrome (além do fato de que costumo preferir as garotas do Pop). E como remete o próprio nome do grupo, suas canções têm um clima colorido, remetendo-se há um passado (não muito distante) em que a jovialidade e adolescência tinham tons mais pastéis e menos sensuais. É girlie e, obviamente, bem gay!

2. DREAM BOYS: "3rd album Chapter 1: Dream Girl - The Misconceptions of You" de SHINee

Como disse acima, sou mais afeito às garotas do Pop; mas se tivesse que escolher uma boy band para chamar de bias, seria SHINee.

O maravilhoso quinteto Dance da SM Entertainment foi criado para ser o grupo edgy da SM, aquele com concepts mais experimentais. Ano passado eles fizeram comeback coreano com Sherlock (Clue + Note) uma peça de Urban Dance que partia de um mash-up de duas faixas do EP de trabalho ("Clue" e "Note"); a canção era grandiosa e a performance de SHINee era tudo o que Michael Jackson gostaria de ser e ter nas mãos se estivesse vivo.

Sherlock

Segundo o próprio SHINee, a ousadia de "Sherlock" foi a base para o novo álbum, 3rd album Chapter 1: Dream Girl - The Misconceptions of You (mais um lançamento K-Pop a ser dividido em duas partes). 

Spoiler abre o álbum como se fosse "Sherlock", sendo interrompida por um scratch que modifica toda a lógica da canção, mas mantém o ritmo do single de 2012. A canção, que teve letra escrita pelo vocalista principal do grupo Jonghyun, serve como transição entre o som usual do grupo e o deste comeback.

Em retrospecto, a canção Sherlock realmente tinha uma roupagem inovadora para SHINee, mas o resto do EP seguia o estilo usual de Urban Pop explorado pela SM Entertainment. E, enquanto a canção Dream Girl mantém uma pegada Dance bem comum, seu estilo - descrito como "acid electro funk" - é melhor explorado ao longo do álbum.

Canções como Hitchhiking, Punk Love Drunk e Aside são tiradas do livro setentista de Michael Jackson, com linhas de baixo envolventes e vocais harmonizados; o que as libera de serem meras imitações são as performances únicas dos membros, além da riqueza nos detalhes ornamentais das produções e arranjos (sintetizadores, efeitos sonoros etc), repaginando o estilo. A faixa avant garde Dynamite é tudo o que Justin Timberlake poderia ser na vida, se não tivesse passado anos tentando ganhar um Oscar e voltasse para a música achando que o mundo parou em 2006.

Enquanto já era de se esperar tal excelência de SHINee, grupo com os performers mais competentes do Pop atual (honestamente, Justin Bieber, Chris Brown e etc não têm a capacidade de fazerem o show demonstrado no vídeo acima), a maior evolução com "Dream Girl" é da SMe que saiu de sua zona de conforto e, pela segunda vez no ano, se esforça na produção de um álbum que transmite um conceito completo para o grupo (o primeiro foi, obviamente, "I GOT A BOY" de SNSD).

Visualmente, foi dado mais alguns passos adiante: a SM parou de querer transformar Taemin em um flower boy andrógeno (viva!!), revelando a beleza estonteante do maknae de SHINee (VIVA!!); e o vídeo de Dream Girl é sensacional! SHINee continua confinado na caixa da SMe, mas - fiel ao conceito da canção - o vídeo brinca com imagens e efeitos visuais, lembrando o mundo dos sonhos - destaque para a cena sensacional de Minho em queda livre na sala espiral.

Dream Girl

1. FLAVORS: "Blessed" de Clazziquai Project

Clazziquai Project: sabores
Muitas vezes quando alguém se diz musicalmente eclético é porque ela, no fundo, não presta muita atenção naquilo que ouve: pode ser de Pablo a Mozart, tudo vale (claro que dificilmente alguém que goste de Mozart aguentará meio segundo de Pablo).

No meu caso, o ecleticismo tem limites bem claros, mas eu consigo apreciar da faixa Dance com sintetizadores e programação tão altos que dá zumbido na mente, à canção orgânica recheada de instrumentos acústicos e vocais moderados.

Existe um gênero musical chamado Electronica que costuma ser uma junção desses dois mundos: da música acústica harmonizada aos efeitos e elementos sonoros sensoriais da música eletrônica. (Uma vertente famosa da Electronica é o famoso Lounge Music - mas divago...) A Electronica é um estilo de música favorito há alguns anos e, assim como a imersão coreana começou a se aprofundar - inclusive, nos recônditos indies do Pop, de repente dou de cara com Clazziquai Project, um trio coreano de Electronica com deliciosos elementos de Bossa Nova em muitas de suas canções.

No mês passado, eles tiveram uma menção honrosa pelo delicioso buzz-single Sweetest Name (que lembra um Towa Tei sem MDMA); com Love Recipe, - o lead-single oficial do álbum Blessed - eles me conquistaram em definitivo com uma adorável canção de amor, tema típico de comédias românticas que elevam o espírito, te fazendo chorar e sorrir sem saber porque.

Love Recipe

Totalmente por fora da lógica habitual da Hallyu, Clazziquai Project formou-se como um projeto do DJ Clazzi que, após angariar atenção na internet, lançou algumas músicas online com a participação dos irmãos Alex e Christina Chu, de origem canadense-coreana. Eventualmente, Christina deixou o trio e a cantora Horan a substituiu, sendo esta a atual formação do trio experimental.

Em entrevista para o Eat Your Kimchi, o trio declarou que Blessed pode ser considerado um retorno às origens mais acústicas e orgânicas da música deles; se isso é constatável em "Love Recipe" e toda a sua bossa, o sabor das músicas de "Blessed" não só reforça essa tese como te possibilita uma viagem interessante por sabores que não são instantaneamente massificados pelo K-Pop.

Flower Dust

Em "Blessed", Clazziquai não reinventa nenhuma roda, mas provê música de qualidade que, não raro, emociona com arranjos ora singelos (Can't Go On My Own e Brown Gold Eyes) ora melodramáticos (Flower Dust) e performances vocais poderosas e teatrais.

Like A Diamond


Meu ápice pessoal no álbum: Like A Diamond. O piano que acompanha escondido e tímido toda a programação eletrônica grandiosa, casa perfeitamente com os agudos doces de Horan, abrindo alas para as emocionantes notas de altas de Alex que explodem em um perfeito verso House logo após o refrão. A letra é lindíssima, de mensagem positiva que é entregue com sentimento e força. É o tipo de canção raramente encontrada no Pop em geral, sem soar pedante.

Finalmente, apesar de fevereiro ter sido um mês fraco no mundo dos K-Pop idols, o mundo esteve a salvo com o lançamento deste maravilhoso álbum. É um disco para se ouvir o ano inteiro, o que é refrescante dentro da lógica acelerada e descartável do Pop.

Clique aqui para a lista de lançamentos de fevereiro.

[Fontes: O Rebucetê; Seoulbeats; Wikipedia; allkpop.com; Popdust; Generasia; LoenTV; Eat Your Kimchi]